Lula articula para anunciar volta do Brasil à Unasul em maio  

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Governo do Piauí

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a volta formal do Brasil à União das Nações Sul-Americanas (Unasul), durante a reunião dos 100 dias de governo. A retomada da Unasul é uma das propostas de campanha de Lula, que sempre defendeu a aliança política dos países da região.

Lula nesta quinta-feira em Brasília
Ueslei Marcelino/Reuters

O bloco foi abandonado pelo Brasil formalmente em 2019, por decreto, durante o governo de Jair Bolsonaro, que o considerava um clube de países de esquerda. Sem ter passado a decisão pelo Congresso, como seria regular, a volta do Brasil ao bloco, internamente, é simples, apenas com a anulação do decreto de Bolsonaro.

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Vários países da região, em sua maioria à época nas mãos de presidentes de direita, também deixaram o bloco – Argentina, Chile, Colômbia, Uruguai e Paraguai. De acordo com as fontes ouvidas, o Brasil vai iniciar os passos burocráticos para voltar formalmente à organização e está em contato com os demais países para que também retornem.

O encontro em Brasília ainda não tem uma data fechada e nem convites foram emitidos ainda aos 12 países, mas consultas estão sendo feitas para um encontro no final de maio, depois que Lula voltar do Japão, onde participa entre 19 e 21 do encontro do G7. A cúpula vem sendo chamada de encontro de chefes de Estado, e não propriamente de Unasul, porque provavelmente nem todos os países terão completado ainda os trâmites de retorno ao bloco na data. No entanto, a intenção é discutir os objetivos e o formato da nova Unasul, daqui para frente.

O bloco chegou a ter uma sede física construída em Quito – hoje desativada – e uma estrutura que incluía uma escola sul-americana de defesa, um centro de estudos estratégicos e um instituto na área de saúde. O bloco baseava sua cooperação principalmente nas áreas de saúde e infraestrutura, mas agora o presidente brasileiro pretende incluir ações contra as mudanças climáticas no centro das ações da Unasul. O último secretário-geral da Unasul foi o ex-presidente da Colômbia, Ernesto Samper, que deixou o posto em janeiro de 2017. Vementemente contrário ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, Samper se tornou persona non grata em Brasília já durante o governo de Michel Temer, o que ajudou a esvaziar o bloco.