
Nesta terça-feira (4), a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro entregou à Caixa Econômica Federal o terceiro kit de joias presenteadas pelo regime da Arábia Saudita, que havia sido ordenado pelo Tribunal de Contas da União (TCU). O conjunto de peças, avaliado em R$ 500 mil, havia sido guardado na fazenda de Nelson Piquet, aliado de Bolsonaro, sem declaração à Receita Federal. As joias foram entregues diretamente ao ex-presidente durante visita à Arábia Saudita em 2019.

O terceiro conjunto de joias faz parte das peças incorporadas ilegalmente por Bolsonaro ao seu acervo pessoal, que inclui um relógio Rolex, uma caneta roller ball da marca Chopard, um par de abotoaduras em ouro branco, um anel confeccionado em ouro branco e um rosário árabe de ouro branco com detalhes em diamante. As joias foram objeto de um inquérito da Polícia Federal que investiga a entrada ilegal de joias no Brasil.

Documentos, áudios e mensagens obtidos pelo Estadão revelam que Bolsonaro atuou pessoalmente para tentar liberar o conjunto de joias e relógio de diamantes avaliado em 3 milhões de euros (cerca de R$ 16,5 milhões) trazidos ao Brasil de forma ilegal para ele e que, segundo seu próprio ex-ministro Bento Albuquerque, seria dado a Michelle Bolsonaro.
A entrega das joias pelo ex-presidente reitera o compromisso da defesa em devolver todos os presentes solicitados pelo TCU, cumprindo a orientação de Bolsonaro de sempre respeitar a legislação em vigor sobre o assunto, segundo afirmou Fábio Wajngarten, ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social e atual assessor de Bolsonaro, em sua conta no Twitter.
Bolsonaro tem sido alvo de diversas investigações e processos, envolvendo desde a disseminação de desinformação até a suspeita de corrupção. O depoimento marcado para a PF no inquérito das joias ocorre em meio a um contexto de crescente tensão política no país, com críticas à condução da pandemia de Covid-19 e protestos em defesa da democracia.