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sexta-feira, março 14, 2025
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Textos da Semana

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Papel Machê

às 10:40

Esculturas de papel machê por Sarah Caires

A vida gira de forma insegurança e bela, sobre duas folhas de papel. Uma para registrar a chegada e a outra para registrar a partida. Entre a primeira página desta grande história, e a última, vamos compondo estórias para preenchê-las de peripécias que podem ser tristes ou alegres. Todo dia o sol, em silêncio, nos abre uma nova página em branco que será fechada no final do dia por uma lua romântica ou jururu. Algumas pessoas escrevem poucas páginas e vão embora. Outras demoram mais um pouco, mas não chegam a pratear os cabelos. Outras são pacientes e outras, apesar de toda turbulência ou calmaria, insistem em ficar, e ficam. As que se demoram, com a perda dos movimentos e dos sentidos, passam a entender que está chegando a hora da partida e da sabedoria. Andam regando a lentidão, não cultivam a pressa e vivem do sabor da paciência. Os que partem, logo, nas primeiras chuvas são inocentes e se livraram da fadiga dos dias. Os que conheceram ao sol, voltam na dúvida ou certeza. Dentre uns queriam ficar, outros tinham pressa em retornar. Por isso, fiquemos, não nos apressemos. Vamos entender as frutas, o verão, as flores, o inverno, os pássaros, a primavera, os sonhos e o outono. A vida imita ao pescador que tece sua rede para traçar os caminhos do peixe. Imita à tecelã que transa a rede para decifrar os sonhos do corpo, despreocupado, que dorme e voa. Imita ao ourives que, pacientemente, vai, aos poucos, compondo a obra para ler as horas. Imita ao velho, que encontra na face, nas mãos e no amor, incondicional, da criança, o nascedouro da juventude e se arrisca em pular e bolar sobre a grama da praça, e sorrir. Brinquedo de papel machê.

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