Vamos vadiar
às 11:25

Década de 70, estava começando a dar os meus primeiros passo no mundo etílico. Vinha chegando da escola, numa sexta-feira, quando encontrei com o Zezim que estava vindo da quitanda do Zé Macário. Nos cumprimentamos, e ele disse que havia começado os festejos do bairro Monte Castelo. Ficamos de ir no sábado, pois havia começado a onda do “Encontro de Casais com Cristo” nas igrejas, e o pai e a mamãe estavam participando no Cristo Rei. Começava na sexta à noite, sábado e domingo durante o dia. No sábado, no café da manhã, já avisei para mamãe que à noite iria com o Zezim aos festejos do Monte Castelo. – Tá bom, mas tome cuidado! Mandou eu pegar um dinheiro na bolsa dela, e, mais uma vez, recomendou cautela. Como iríamos? Fomos de bicicleta. Assistimos à homilia, e depois fomos pro pátio, onde ficava os comes e bebes. Começamos a tomar cerveja, som ao vivo, e a olhar pras beldades que se insinuavam. Encontramos alguns amigos por lá, o que aumentou a roda em volta da mesa. Ficamos, os dois, para lá de “queimados”. Muita mulher bonita, cerveja gelada e só alegria. Vamos embora, já está tarde! Pegamos as bicicletas e começamos a subir e descer ladeiras. Umas íngremes que pareciam não acabar. Peguei um tombo no asfalto e fiquei todo aranhado que deu na carne vivo. Voltei o guidom pro lugar, pois estava torto da queda e partimos. Ele sorria, de mim, que chorava de tanto rir. Beleza! Quem riri por último rir melhor. Ele desceu uma ribanceira e estatolou-se na piçarreira. Pensei em dizer: “toma!”, mas sorrir de soslaio. Ajudei-o a levantar-se. Havia quebrado um pedaço do dente. Sorrimos, um do outro, e partimos. Estávamos acidentados, sem namorada e bêbados.