A falta de uma posição definida do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em relação à decisão de Nicolás Maduro de anexar parte da Guiana tem gerado desconforto nas Forças Armadas brasileiras. Os militares expressam preocupação com a ausência de uma abordagem clara do presidente, especialmente ao comparar com a postura enfática adotada por Lula em relação a conflitos como os da Ucrânia e da Faixa de Gaza.
Lula, em sua declaração mais recente sobre o assunto, mencionou a necessidade de “bom senso” entre os dois países sul-americanos, sem fazer menção direta a Maduro ou ao referendo. A estratégia do presidente foi equiparar os lados, mantendo a abordagem semelhante a outros conflitos internacionais.
O presidente afirmou ainda que pretende visitar a Guiana em 2024, participando da cúpula do Caricom (Mercado Comum e Comunidade do Caribe) em fevereiro. Durante sua gestão, Lula estabeleceu uma aliança com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, o que adiciona complexidade ao atual impasse geopolítico.
O GSI (Gabinete de Segurança Institucional) está monitorando a situação por meio do PPIF (Programa de Proteção Integrada de Fronteiras), mas até agora, apenas uma decisão foi tomada: não será permitido o deslocamento de tropas venezuelanas pelo Brasil.
Lula realizou reuniões com o chanceler Mauro Vieira e o assessor especial Celso Amorim na quarta-feira (6.dez) e está agendado para se encontrar com José Múcio (Defesa) na sexta-feira (8.dez). Múcio afirmou que cabe ao Itamaraty, em conjunto com o presidente, decidir sobre o tratamento do conflito, destacando a importância de garantir a soberania brasileira.
O referendo promovido por Maduro resultou em uma votação favorável às medidas que poderiam levar à anexação de 74% do território da Guiana. O presidente da Guiana, Irfaan Ali, reagiu afirmando que a diplomacia é a primeira linha de defesa e que trabalha para manter as fronteiras “intactas”, contando com o apoio de países como Estados Unidos, Canadá e França. O impasse geopolítico se intensifica, e a expectativa é de que a resposta do governo brasileiro seja uma prioridade para as Forças Armadas.