O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passou 32 dias dos primeiros seis meses de 2023 fora do Brasil, em viagens de trabalho a 11 países. Durante esse período, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), assumiu interinamente o Palácio do Planalto.
A mais recente viagem de Lula foi à Europa, onde se encontrou com o papa Francisco e com Dilma Rousseff, presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, o Banco dos Brics, e participou, com outros líderes mundiais, da Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global
Com informações da biblioteca da Presidência da República, a reportagem também reuniu a quantidade de viagens internacionais de Lula no primeiro semestre dos mandatos anteriores. Nos seis primeiros meses de 2003, o presidente passou 22 dias fora do Brasil e visitou sete países. De janeiro a junho de 2007, foram 12 deslocamentos a outras nações, que totalizaram 27 dias.
As visitas internacionais de 2023 fazem parte da estratégia de Lula de se contrapor à política externa de Jair Bolsonaro (PL), que teria isolado o Brasil do restante do mundo. O foco da diplomacia brasileira tem sido retomar o protagonismo em fóruns internacionais e alavancar o Brics, bloco que inclui também Rússia, Índia, África do Sul e China.
Lula tem priorizado regiões com as quais o Brasil enfrentou desgastes na última gestão presidencial, como a América Latina e a China. O país asiático foi alvo de provocações e atritos durante o governo passado.
A primeira viagem internacional do petista no terceiro mandato foi à Argentina, entre 22 e 24 de janeiro. Lá, ele participou da 7ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). O Brasil havia abandonado a organização em 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro.
A temática ambiental também tem sido explorada por Lula, em contraponto à gestão do último ex-presidente. Em discurso na quinta-feira (22) no festival Power Our Planet, em Paris, na França, o petista afirmou que países ricos devem financiar aqueles em desenvolvimento com reservas florestais. O chefe de Estado disse, ainda, que a Amazônia é um território soberano brasileiro, mas que pertence a toda a humanidade.
Lula também tem se colocado como agente da paz no conflito entre Rússia e Ucrânia, em conversas com os presidentes dos dois países, Vladimir Putin e Volodmir Zelensky, e por meio de reiteradas declarações públicas. Na última fala sobre o assunto, o chefe de Estado brasileiro afirmou que Zelensky e Putin precisam negociar pessoalmente um acordo de paz para dar fim à guerra.
Confira as viagens internacionais de Lula no primeiro semestre de cada mandato
2023 — 1º semestre: 11 países, 32 dias
• Janeiro
— Buenos Aires (Argentina) e Montevidéu (Uruguai): 4 dias
• Fevereiro
— Washington (EUA): 3 dias
• Abril
— Madri (Espanha), Porto e Lisboa (Portugal): 6 dias
— Abu Dhabi (EAU), Xangai e Pequim (China): 6 dias
• Maio
— Londres (Reino Unido): 2 dias
— Hiroshima (Japão): 6 dias
• Junho
— Paris (França) e Vaticano: 5 dias
2007 — 1º semestre: 12 países, 27 dias
• Janeiro
— Quito (Equador): 1 dia
— Davos (Suíça): 3 dias
• Fevereiro
— Montevidéu (Uruguai): 1 dia
• Março
— Georgetown (Guiana): 2 dias
— Washington (EUA): 2 dias
• Abril
— Barcelona e Isla Margarita (Venezuela): 2 dias
— Santiago (Chile) e Buenos Aires (Argentina): 3 dias
• Maio
— Assunção (Paraguai): 2 dias
• Junho
— Londres (Inglaterra): 2 dias
— Nova Délhi (Índia): 3 dias
— Berlim e Heiligendamm (Alemanha): 4 dias
— Assunção (Paraguai): 2 dias
2003 — 1º semestre: 10 países, 22 dias
• Janeiro
— Quito (Equador): 2 dias
— Davos (Suíça), Berlim (Alemanha) e Paris (França): 6 dias
• Maio
— Cusco (Peru) e Buenos Aires (Argentina): 4 dias
— Lausanne, Genebra (Suíça) e Evian (França): 4 dias
• Junho
— Assunção (Paraguai): 2 dias
— Washington (EUA): 2 dias
— Rio Negro (Colômbia): 2 dias