A Polícia Civil do Piauí está investigando uma série de desaparecimentos e casos de suicídio que podem estar relacionados a um esquema violento de agiotagem e lavagem de dinheiro operado principalmente por estrangeiros da Colômbia e da Venezuela em várias cidades do estado. As informações foram confirmadas no contexto da Operação Macondo, deflagrada nesta terça-feira (11) pela Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI).
Esquema de agiotagem e violência
De acordo com as investigações, vítimas que contraíram empréstimos informais com o grupo criminoso desapareceram após não conseguirem quitar as dívidas. Um dos casos de homicídio investigados está relacionado à morte do venezuelano Anderson Miguel Dario Mendonza, ocorrida em dezembro de 2023, na cidade de Oeiras.
Segundo o Ministério Público, o crime teria sido motivado por disputa no “mercado” de agiotagem na região, envolvendo mandantes colombianos e executores brasileiros.
O grupo atuava oferecendo empréstimos rápidos e sem contrato formal a pequenos comerciantes, vendedores ambulantes e trabalhadores autônomos, cobrando juros abusivos, que chegavam a 30% ao mês. As cobranças eram feitas diariamente ou semanalmente, e aqueles que atrasavam os pagamentos eram ameaçados, agredidos ou tinham suas mercadorias destruídas.
R$ 5 milhões bloqueados e 15 presos
A Operação Macondo, que faz parte do Pacto Pela Ordem, foi realizada simultaneamente em Teresina, Parnaíba, Oeiras, Barras, Picos e Água Branca. Ao todo, foram cumpridos 15 mandados de prisão e 18 de busca e apreensão, além do bloqueio judicial de R$ 5 milhões em contas ligadas aos investigados. Armas de fogo também foram apreendidas durante as ações.
O superintendente de Operações Integradas da SSP-PI, delegado Matheus Zanatta, informou que o foco agora é localizar as pessoas desaparecidas e identificar ramificações internacionais do grupo.
“A Operação Macondo representa um passo decisivo no enfrentamento de condutas ilícitas que violam a dignidade humana. Esses desaparecimentos mostram o nível de crueldade com que atuava o grupo. A Segurança Pública está comprometida em localizar as vítimas e responsabilizar todos os envolvidos”, afirmou Zanatta.
A operação foi coordenada pela Superintendência de Operações Integradas (SOI) e contou com o apoio da Força Estadual Integrada de Segurança Pública (FEISP). As investigações seguem em andamento, com prioridade para os casos de desaparecimento e violência relacionados à cobrança das dívidas ilegais.

