Cientistas alemães desenvolveram uma vacina nasal que, em testes com hamsters, impediu que o vírus se copiasse nas vias aéreas superiores, alcançando a chamada “imunidade esterilizante” e prevenindo a doença. Embora esta vacina tenha vários outros obstáculos para superar antes de chegar a um consultório médico ou farmácia, outras vacinas nasais já estão em uso ou atingindo o final de ensaios clínicos. A China e a Índia lançaram vacinas administradas por meio de tecidos nasais no ano passado, embora ainda não esteja claro o quão bem elas estejam funcionando.
Os pesquisadores esperam que as vacinas de próxima geração, que visam desligar o vírus antes que ele tenha a chance de nos deixar doentes e, finalmente, impedir a propagação da infecção, possam fazer com que essa infecção respiratória não seja uma ameaça. Uma maneira pela qual os cientistas estão tentando fazer isso é aumentando a imunidade da mucosa, reforçando as defesas imunológicas nos tecidos que revestem as vias aéreas superiores, exatamente onde o vírus chegaria e começaria a infectar nossas células.
As vacinas que atuam nas mucosas são melhores para preparar um tipo diferente de resposta do que as injeções. Elas funcionam melhor ao convocar anticorpos IgA, que têm quatro “braços” para agarrar os invasores, em vez de apenas os dois “braços” que os anticorpos IgG em forma de “y” têm. Essa vacina nasal adota uma nova abordagem para uma ideia muito antiga: enfraquecer um vírus para que ele não seja mais uma ameaça e depois administrá-lo às pessoas para que seu sistema imunológico aprenda a reconhecê-lo e combatê-lo.
Os pesquisadores manipularam o material genético do vírus para dificultar a tradução das células, técnica chamada de desotimização de pares de códons, que faz com que o vírus possa ser identificado pelo sistema imunológico sem deixar o corpo doente. “Você pode imaginar ler um texto… e cada letra é uma fonte diferente, ou cada letra tem um tamanho diferente, então o texto é muito mais difícil de ler. E isso é basicamente o que fazemos na desotimização de pares de códons”, explicou Wyler em entrevista à CNN.
Embora as infecções por Covid tenham se tornado controláveis para a maioria das pessoas saudáveis, elas ainda podem representar um perigo para grupos vulneráveis, como idosos e imunocomprometidos. E embora as primeiras vacinas com essa abordagem datam da década de 1870, contra antraz e raiva, a nova vacina nasal adota uma nova abordagem que busca desligar o vírus antes que ele tenha a chance de nos deixar doentes e, finalmente, impedir a propagação da infecção.