Texto de Antônio Carlos Sampaio Machado, acadêmico da Academia Taguatinguense de Letras. Antônio publicou quatro livros em versos, além de escrever à Revista Veja Brasília (de 2013 a 2015) e ao Correio Brasiliense de 2016 até hoje, com textos em variadas temáticas. Confira um pouco de seu trabalho aqui no Diario86!
às 11:46
O gavião e a galinha com pintinhos
Nesses tempos de campanhas eleitorais, vem o candidato malvado, espião, olhar quase de águia, e tenta visitar a galinha; esta anda muito ocupada e preocupada com seus filhotes, fica inquieta num entra e sai rápido; quer a todo custo silenciar os ‘pius, pius’ intermitentes de seus pintinhos.
Mas o candidato gavião avermelhou os olhos, com respingos de suor, pela cabeça, tentando disfarçar e falou – vens para cá, galinha, vamos conversar… estou em campanha e preciso de votos! A galinha – ora, ora… acho que bateu em porta errada; estou sem tempo para tratar desses assuntos de politicalha; de gente canalha que vive a armar botes contra os coitadinhos indefesos, estou cheia… e só me acalmarei quando vier a Lua cheia.
E comigo é assim: se mexer com meus filhotes, vai ter que suportar bicadas e unhas bem afiadas… Não insistes, candidato, não insistes; nunca viu canário cantar, comendo alpiste? O gavião, por sua vez, trata de ficar mais à distância; percebeu que ali o eleitorado andava meio que no estresse e em clima mesmo de escassez. E pensou: não será hoje minha bola da vez… E resolve contornar a situação com insistência na proposta: – vens aqui, galinha, e dialogaremos bem na calma, garanto que não irei atentar contra teus filhotes. – Olhas, gavião, se continuar insistindo nessa tua campanha eleitoral, de má intenção, cheia de enroladas e tal, vou ter que chamar o outro candidato para debater contigo. – E quem é esse candidato? Vires de costas que irei anunciar: – espelho, espelho meu, o que poderá falar agora naquilo que vi. E o espelho: – calme-se, galinha, vou chamar o candidato, que correndo vi e passou logo ali. Só um momento… o veio o candidato positivo, justiceiro, fala a verdade ao povo, não tem rabo preso, e ele veio aqui se olhar em mim, galinha, e foi aquele que você falou que viu há poucos dias. Um momento que será agora, arrematou o espelho. E entra naquele terreiro limpo, ventilado, meio nublado, o candidato que a galinha afirmara: – é mesmo aquele que vi, não vacilou a galinha! E o espelho indagou é esse mesmo, galinha? – Sim, foi o que vi. E foi chegando bem tranquilo o bem-te-vi, que logo tratou de marcar o gavião com olhar incisivo. E este tratou em dar à meia volta, rápido, e saiu resmungando: – esse tal candidato amarelo e meio esverdeado me persegue. Oh! Santo Serafim, o que ainda virá pela frente contra mim?
Moral da narrativa: nunca brinque com a boa memória de pessoas do bem. São simples coisas do bom viver… e ir aprendendo também!
