Poema de Neto Karnissa
às 12:53

O domingo acorda, assanhado e calado,
As ruas, espremidas, não dizem nada,
Um passarinho aqui, outro acolá,
Uma cadeira, pacata, calada e sentada.
Uma pessoa, em óculos, toalha ao ombro,
Chinelo que atravessa a sala,
Demora-se ao chuveiro, sai,
Segue o corredor até a cozinha calada.
Contritas mãos, sobre a tábua, cortam a fala,
Um corpo banhado, penteado, senta,
Pega uma xícara, garrafa, café, calado,
Outro corpo, abre a porta, põe uma pedra…
O quintal cheio de árvores intactas,
O chão veste folhas secas caladas,
O muro cumpre seu dever de casa,
Uma galinha pedrez, pintinhos, deitada.
Uma cadeira de balanço, rouca na sala,
O ventilador, reclama seu descanso, calado,
Um gato peludo, no canto do sofá, enrolado,
Uma Casa, entra e sai, mas não fala nada.
(Neto Karnissa)