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terça-feira, outubro 22, 2024
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A POMBINHA BRANCA

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Coluna de Antônio Neto

Chega sempre à tardinha e pousa no sobrado do vizinho. Ao escurecer, some. Às 17h, chega novamente. Pousa na telha do sobrado do vizinho e, ao escurecer, some. Às 17h, ela retorna novamente. Senta na ponta da telha, mais extrema, do sobrado do vizinho, olha pro lado, olha pro outro, e, ao escurecer, some. Às 17h, senta… ponho a cadeira e fico fitando…, ao escurecer, some. Às 17h, ponho a cadeira, à calçada, ela chega, e some, ao escurecer. Às 17h, ponho a cadeira, pego meu celular, ela chega, infla o peito e some. Às 17h, ela chega, senta, olha, bate as asas, se equilibra sobre a telha, do sobrado do vizinho, e, ao escurecer, some. Ontem, ela não veio… Será se ela vem hoje… Às 16h29min, vou banha, pentear meus cabelos, desodorante e perfume, vestir meu calção surrado e macio, minhas sandálias havaiana brancas, meu boné branco, pôr a cadeira, em espaguete branco, e esperá-la. Estou ansioso para saber noticias triviais da minha, linda, bela e branca, pombinha branca. Tomara que ela não falte ao nosso encontro. Morro de saudades. Sou canceriano, pois todo caranguejo é saudosista. Será se ela arranjou outro namorado… Ou, quicá, um amante… Será se ela se zangou comigo… Acabou nosso romance sem me avisar… Será se a baladeira, de algum menino perdido, acertou-lhe o flanco, e ela está em algum lugar esperando por minha ajuda para socorrê-la… Será se ela arrufou… Deus meu! Deus meu! traga minha branca Pombinha Branca de volta.

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