Uma pesquisa realizada pela Agência Nacional do Cinema (Ancine) mostrou que mais de 90% das cidades brasileiras não têm sala de cinema. No Piauí, esse número é ainda maior. Dos 224 municípios piauienses, apenas três contam com os típicos espaços de projeção, o que representa quase 99% do território estadual. Na busca de reverter esse cenário, a ONG Movimento Pela Paz na Periferia (MP3) está circulando de norte a sul do estado com o Cine Comunidade.
O projeto já passou por Guaribas, Corrente, Angical, Cocal, União e reuniu centenas de espectadores. “Há mais de 15 anos o MP3 realiza o cine em Teresina, levando a sétima arte para a periferia da capital. Fomos desafiados a ampliar o alcance do projeto e vimos a oportunidade de chegar em municípios com a mesma carência e necessidades. O público tem acolhido o Cine Comunidade, que tem como diferencial, a circulação com um filme piauiense”, afirma Francisco Junior, coordenador da ONG.
O projeto está em cartaz com o filme piauiense Curica!, de Thiago Furtado. “O Curica! traz várias histórias em comum que precisam ser conhecidas em um momento onde as violações dos direitos dos humanos no trabalho se asseveram. É cada vez mais necessário usar a cultura como veículo de transformação da realidade e, assim, poder provocar sentimentos nas pessoas e transformar o mundo para que histórias como as das mulheres do filme parem de ser cotidianas”, declara o diretor.
“Não queremos apenas proporcionar entretenimento. Além de levar todo o encanto do cinema, com grande estrutura de som e projeção, após a exibição do filme o Cine Comunidade também promove um debate com o público sobre os temas abordados no Curica!, como o racismo. A ideia é contribuir com as discussões sobre questões sociais enraizadas em nosso país, fazendo do cinema um instrumento de transformação a partir do seu impacto na percepção das pessoas”, afirma Francisco Junior.
Com patrocínio da Equatorial Piauí, por meio do Sistema Estadual de Incentivo à Cultura (SIEC), o Cine Comunidade segue em circulação por diversos municípios do estado. Durante as exibições, o público ganha pipoca e água para entrar no clima e viver toda experiência das salas de cinema. “Achei legal trazer o filme para nossa cidade porque aqui não tem e considero muito importante poder ter contato com essa novidade”, diz a dona de casa Paula Regina, moradora de Agricolândia.
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