Antigo Quartel Geral da Polícia Militar no Piauí, local que serviu de prisão para presos políticos durante a Ditadura Militar, será transformado em um espaço de resgate histórico da memória de piauienses que resistiram aos arbítrios praticados entre 1964 e 1985. O Memorial da Resistência e da Democracia no Piauí terá a escultura de uma figura humana de 1,70m, simbolizando o rito do “Pau de arara”, um dos mais cruéis instrumentos de tortura utilizados nos porões da Ditadura. A inauguração do Memorial está prevista para o dia 28 de agosto, aniversário da Lei de Anistia.
Durante a solenidade de lançamento da pedra fundamental do memorial, o governador em exercício, Themístocles Filho, destacou que o antigo Quartel da Polícia Militar foi utilizado como prisão para presos políticos durante a Ditadura Militar e expressou sua esperança de que o Brasil e o Piauí jamais voltem ao que aconteceu no passado. Ele afirmou que o melhor regime de governo é aquele escolhido pelo povo, com suas divergências, mas com a maioria prevalecendo.
A criação do Memorial da Resistência e da Democracia no Piauí surgiu a partir de uma demanda dos movimentos sociais, por meio do Comitê Memória, Verdade e Justiça, que realiza um trabalho permanente de conscientização, formação e de atos públicos em prol da democracia.
Para Núbia Lopes, secretária de Estado das Relações Sociais, o memorial é importante para reafirmar que a democracia deve prevalecer no estado. Já a superintendente de Direitos Humanos da Secretaria Estadual da Assistência Social (SASC), Sônia Terra, destacou que é importante reforçar o quanto a democracia é necessária em tempos em que esteve ameaçada. Ela ressaltou que a democracia só se constrói a partir de toda uma sociedade que toma consciência do quanto ela é importante.
O coordenador do Comitê Memória, Verdade e Justiça, Pedro Laurentino, destacou a importância do Memorial, lembrando que a cassação de mandatos, mortes e torturas ocorreram no Piauí durante a Ditadura. Ele também comentou que enquanto no Chile os torturadores foram punidos, no Brasil eles foram exaltados. Laurentino finalizou dizendo que “temos que resgatar essa história para que ela não se repita”.