
Deputados federais discutiram a onda de invasões prometida pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) durante o “abril vermelho”, em um painel promovido pela CNN nesta quinta-feira. O tema veio à tona após produtores rurais terem se organizado para combater os movimentos da organização e acusarem o governo da Bahia de apoiar as ocupações que ocorrem pelo estado.

Na última segunda-feira, cerca de 250 integrantes do MST ocuparam uma área do Engenho Cumbe, em Pernambuco, e defenderam a promoção de uma reforma agrária na região. Isso tem pressionado o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tenta atrair o setor do agronegócio sem desagradar à base aliada.

Para o deputado Pedro Campos, “não há dificuldades para o governo Lula nesta questão”, já que as terras foram desapropriadas pelo governo do estado de Pernambuco para a implantação do polo automotivo, que acabou indo para Goiânia. Ele afirmou que a própria cooperativa que toca a Usina Cruangi já afirmou ser favorável à realização da reforma agrária nesta área e que cabe ao Instituto de Terras e Reforma Agrária do Estado de Pernambuco conduzir o processo.
Para Evair de Melo, a postura do governo Lula reflete uma contradição entre o período eleitoral e a condução após a posse. Segundo ele, o presidente teria mudado de viés após a prisão do líder da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL), José Rainha. “O próprio ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, mudou radicalmente de discurso desde a posse e queremos saber qual é o verdadeiro: se aquele de quando assumiu o ministério, no qual se dizia favorável ao MST, ou o dos últimos dias, no qual se diz contra o MST e invasão de terra.”
Para os deputados, existe uma possibilidade de ganho “muito grande” para o país caso haja investimento em tecnologias e melhorias para o setor. Segundo Pedro Campos, o Brasil aumentou a produção agrícola nos últimos quarenta anos por causa da redistribuição de terras, o que possibilita a reforma agrária sem conflitos no caminho.
Evair de Melo disse estar “horrorizado” com o atual momento dos movimentos e a ameaça iminente de invasão de propriedade produtiva no Espírito Santo. “É lamentável o que o PT e o MST estão fazendo de terrorismo no Sul da Bahia, e ainda tem essa ameaça de ‘abril vermelho’ sem que o governo faça qualquer menção de repúdio”, afirmou o deputado.