O assessor especial internacional da Presidência da República, embaixador Celso Amorim, esteve em Moscou na semana passada, em uma viagem mantida sob sigilo, para se encontrar com o presidente Vladimir Putin e discutir a guerra na Ucrânia, de acordo com informações divulgadas pela CNN Brasil. A visita faz parte da iniciativa do governo Lula de avaliar as possibilidades de sucesso da proposta do Brasil de criar um grupo de países a favor da paz entre Rússia e Ucrânia.
Amorim viajou com dois auxiliares e disse que Moscou não parecia a capital de um país em guerra. Durante uma conversa que durou cerca de uma hora, Putin foi cordial, mas não deu indicativos de que um acordo de paz ou mesmo um cessar-fogo possa ocorrer em breve, de acordo com o ex-chanceler.
Apesar disso, Amorim afirmou que o presidente russo apreciou as ações do Brasil e que o clima do encontro foi descontraído. Putin falou bastante sobre temas bilaterais e se deteve no objeto principal da visita, a paz. Ele também deu detalhes de sua versão sobre as dificuldades que encontrou para negociar quando estava disposto a isso.
Amorim está convencido de que chegará um momento em que os custos da guerra serão altos demais para ambos os lados. Ele acredita que o momento vai chegar em que o custo de manter a guerra será maior do que o custo das concessões que possam fazer os dois lados. Embora confie na possibilidade de um cessar-fogo nos próximos meses, Amorim evitou dar prazos.
O Brasil pretende conversar com a China sobre sua proposta de criar um grupo a favor da paz durante a visita de Lula a Pequim, que acontecerá no próximo dia 11. Amorim disse a Putin que Lula e o Brasil são especiais e podem contribuir para a busca pela paz. O presidente russo sempre esteve de bom humor e riu durante o encontro, segundo o assessor presidencial.