A Ação Social Arquidiocesana (ASA), por meio do serviço “Levanta-te, Vem para o Meio”, em parceria com o Fórum Piauiense de Inclusão sediou nesta terça-feira (26) o 5º Fórum Piauiense de Inclusão: Desafios e Iniciativas para a Inclusão Profissional das Pessoas com Deficiência.
O fórum é realizado anualmente e composto por um colegiado formado por diversas entidades, instituições e órgãos públicos, que trabalham juntos para discutir e propor soluções para a inclusão da pessoa com deficiência (PCD) no mercado de trabalho. Dessa forma, o fórum orienta para que elas sejam efetivamente incluídas, apresentando os caminhos tanto para o PCD, para que saibam onde buscar apoio; quanto para as empresas, orientando-as sobre quais instituições podem ser procuradas.
No Piauí, atualmente, 2.743 PCD estão no mercado de trabalho por meio da Lei de Cotas, que prevê que empresas com 100 a 200 funcionários devem reservar 2% das vagas para pessoas com deficiência. Esse número é razoável considerando o fator econômico do estado, que conta com pouco mais de 260 empresas com mais de 100 funcionários.
Para a procuradora do trabalho do Ministério Público do Trabalho, Jeane Araújo, diversas barreiras ainda impedem o aumento no número de contratações. “As dificuldades que as pessoas com deficiência enfrentam são de diferentes tipos: físicas e arquitetônicas, como a falta de acessibilidade; barreiras de comunicação, como dificuldades no acesso à informação; e, ainda, as barreiras atitudinais, que estão relacionadas ao preconceito das empresas, das pessoas e, muitas vezes, até das próprias famílias das pessoas com deficiência”, destaca.
A estudante de Direito, Maria Gabriela, de 21 anos, estagiária do Tribunal Regional do Trabalho do Piauí (TRT-PI), compartilha sua jornada no mercado de trabalho. Ela conta que inicialmente tiveram algumas dificuldades, já que a instituição não tinha experiência prévia com pessoas com deficiência visual.
“O TRT está sendo importante para o meu crescimento profissional, mas no início, eles não sabiam muito bem como lidar comigo. Quando cheguei lá, fiquei um bom tempo sem saber onde me encaixar, até encontrar uma função. Por isso, é muito importante que as pessoas com deficiência sejam inseridas no mercado de trabalho, não apenas para ocuparem um cargo, mas para que realmente possam contribuir e se sentir efetivamente parte do ambiente”, reforçou.
De acordo com a Juíza do Trabalho, Dra. Luciane Rodrigues, embora a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho tenha evoluído em alguns aspectos, ainda há um longo caminho até que esse ambiente seja totalmente acessível, inclusive nas vagas destinadas às pessoas com deficiência. “O mercado de trabalho não absorve adequadamente as pessoas com deficiência, nem mesmo dentro das cotas estabelecidas. Estamos falando de milhões de pessoas que enfrentam essa realidade. Não se trata apenas de preconceito, mas de uma cultura que ainda não compreende o que uma pessoa com deficiência pode fazer, tratando-a como incapaz. Muitos ainda acreditam que incluir pessoas com deficiência no mercado de trabalho é um trabalho extra, um esforço a mais”, enfatiza a juíza.
O coordenador geral do Fórum, Marcos Júnior, reforça a importância do evento para tornar o mercado de trabalho mais inclusivo, abrindo novos caminhos e possibilidades. “Esperamos que o evento seja um marco na continuidade desta importante discussão sobre a inclusão no mercado de trabalho e que as propostas geradas aqui hoje possam contribuir para um futuro mais justo para todos”, finalizou.