Cerca de dois mil trabalhadores da limpeza urbana em Teresina paralisaram as atividades nesta quarta-feira (9), em protesto contra o atraso no pagamento de salários, vale-transporte e vale-refeição. A mobilização, que teve início às 5h, é organizada pelo Sindicato dos Empregados das Empresas de Asseio e Conservação do Piauí (Seeacep) e envolve funcionários do Consórcio Recicle/Aurora, responsável pelos serviços na capital.
A paralisação deve durar 24 horas, mas uma greve por tempo indeterminado pode ser deflagrada caso a situação não seja resolvida até quinta-feira (10). Os trabalhadores se concentram em frente à sede da empresa aguardando uma resposta concreta.
O presidente do Seeacep, Jônatas Miranda, afirmou que esta é a segunda paralisação em menos de um mês. Segundo ele, a prefeitura já comprovou que os repasses à empresa foram feitos, mas até o momento o consórcio não efetuou os pagamentos aos garis.
— Sempre friso e repito: a responsabilidade desses colaboradores é da empresa que está prestando o serviço. Tivemos diversas tentativas de acordo, inclusive uma audiência no Nupemag. A prefeitura apresentou um aditivo, mas a empresa não assinou por questões administrativas internas do consórcio — explicou Miranda.
Empresa tentou forçar trabalhadores a sair para a coleta
De acordo com o sindicato, a empresa retirou os caminhões da base durante a madrugada e os deixou do lado de fora, numa tentativa de pressionar os trabalhadores a seguir com a coleta mesmo sem receber os salários e benefícios.
— Recebemos mensagens à noite orientando que os caminhões fossem deixados fora da base, tentando forçar os trabalhadores a sair para a coleta sem salário, sem vale-alimentação. Isso é má-fé. Mas temos uma categoria unida. Os caminhões estão aqui, e os trabalhadores também — afirmou o presidente do sindicato.
Ele reforçou que os serviços não serão retomados enquanto os pagamentos não forem regularizados.
— Se a empresa teve coragem de tirar os caminhões de madrugada, também deve ter coragem de vir aqui fora dizer quando vai pagar os trabalhadores. Não é o que queremos, mas não vamos aceitar que pais de família continuem passando necessidade. Isso tem se repetido todos os meses — criticou.
Manifestação da Prefeitura
Em nota, a Prefeitura de Teresina informou que a empresa responsável se recusou a assinar o compromisso de pagamento referente ao mês de junho de 2025. A gestão municipal destacou ainda que o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) intermediou uma tentativa de conciliação entre o município e o consórcio, mas não houve acordo.
Uma nova assembleia com os trabalhadores está marcada para a manhã desta quinta-feira (10), quando será decidido se a paralisação se transformará em uma greve por tempo indeterminado.