O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) concluiu, na quinta-feira (20/04), o inquérito que tratava sobre o estudante de direito Luca Vinícius, de 24 anos, que desapareceu dia 24 de abril de 2022. O inquérito aponta que não há indícios de crime, mas a advogada particular da família, Dra. Sara Ronda, disse, em entrevista ao Conecta Piauí nesta segunda-feira (24), que pelo relatório identificaram várias divergências nos depoimentos de outras testemunhas ouvidas também pela autoridade policial.
“A gente não teve acesso ainda às cautelares que foram movidas. Pelo próprio relatório a gente verifica ali que tiveram alguns cautelares para a apuração, extração de dados telefônicos de alguns celulares aí envolvidos nessa ocorrência. Outras testemunhas foram ouvidas também pela autoridade policial e com algumas divergências inclusive nos seus depoimentos. Testemunhas que a gente não tinha tido conhecimento que foram apuradas inclusive nessas cautelares”, informou a advogada.
A advogada da família também destaca incoerência no depoimento de uma das testemunhas que trocou mensagem com a ex-namorada do Lucas perguntando se por acaso não foram os caras da briga que teriam sumido com ele.
“Algo que chama bastante atenção é que uma das testemunhas que trocou mensagem com a ex-namorada do Lucas ela pergunta se por acaso se ele teria sumido, se não foram os caras da briga que teriam sumido com ele. Isso nos chamou bastante atenção porque essa mensagem foi trocada logo na sequência e aí depois essa testemunha ela ainda comparece, depois, ela foi chamada para prestar depoimento na delegacia e aí ela fala que ela poderia ter escutado isso da própria Gabriela ou da mãe do Lucas, porém a mãe do Lucas não conhece, não sabe nem de quem se trata. Então a gente vê algumas incoerências ali do que foi apurado efetivamente nas extrações das mensagens telefônicas do que foi relatado no inquérito”, explicou
Ao Conecta Piauí, a advogada Dra. Sara também pontuou que não tem como uma pessoa desaparecer sem deixar rastro numa alegação hipotética de suicídio, sobretudo, quando a pessoa desaparecida não tem nenhum perfil suicida.
“Então agora, como defesa no caso, como advogada da família, que é o que a família quer efetivamente é a apuração, é que seja trazida aos autos da verdade real aí, o que aconteceu, porque a gente acredita que não existe como uma pessoa desaparecer sem deixar rastro numa alegação hipotética de suicídio, sobretudo quando essa pessoa desaparecida não tem nenhum perfil suicida. Não tem nada no histórico do Lucas que leve a conclusão de que ele teria qualquer perfil suicida”, completou.
O próximo passo, segundo a advogada, é ter acesso a todo o material.
“Então assim, como advogada da família o nosso passo agora é ter acesso a todo esse material. Tendo em vista que o relatório policial traz de uma forma muito resumida a descrição dessas transcrições, a descrição dessas conversas que foram extraídas aí dos celulares e aí sim a gente vai poder se manifestar e vai poder tomar as providências cabíveis, inclusive no custo da investigação porque não é um relatório final”, informou.
Segundo depoimento da namorada do jovem desaparecido, Gabriela Vasconcelos, Lucas teria pulado da ponte Juscelino Kubitschek (JK) quando eles voltavam de uma festa. O corpo do estudante nunca foi encontrado e o caso tem seguido com um leque de dúvidas, inclusive, a mãe do estudante segue pedindo para fazer o reteste de uma ossada carbonizada encontrada dias após o desaparecimento com uma deformidade igual à do filho. Outra informação que também gera dúvidas é uma briga que teria acontecido entre Lucas e outras pessoas na festa.
A advogada da família, Dra. Sara Ronda, informou que são aguardadas novas informações para a continuidade das investigações e que, como defensores da família na busca da verdade sobre o que ocorreu efetivamente com o Lucas estarão trazendo as informações pertinentes com base naquilo que identificarem nesses procedimentos.
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