Coluna de Antônio Neto
Aos poucos, desmonto e quebro-me. Este, que há muito teceram-me, já não me serve mais. Este mecânico ser manipulável, há muito adestrado, infartou-se. À conta gotas, desaguo-me de mim. Desapegando-me da gula, sem importar, onde será o banquete, fujo da servidão. Degusto-me, feito artesão, pelas mãos. Meu tempo é pouco, e não posso queimá-lo de bobeira. O homem contemporâneo, de bons modos, de muito engano, dará lugar ao mateiro.
Não há necessidade de bens para sustentar a personalidade e fortalecer o caráter. Roupas finas para abrir portas ou compor o hábito e hálito da mentira. Seguirei por linhas tortas. Dar-me-ei, com intensidade, aos cultos e templos dos amigos. Àqueles que apresentam alma santa no corpo sacro da humilde humildade. Ao invés, daqueles que usam taças em cristais para não reluzir o sepulcro caiado. Vinho, raro, encorpado e caro, decepciona-me. Meus dias gastos são sem anseios e sem náuseas. Maldito aqueles que cultivam hipocrisia em campos áridos e vestem arrogância em corpos flácidos. Apodrecidos em covardia e falsidade rompem-me a razão.
Aquele, a Quem temo, olha-me do alto: o Atalaia Eterno. Sem fachada. Preto no branco. Assim, devemos ser. Todos devem ser por igual tratados. Seja o delito, do pobre ou do rico, punido. Na minha casa todo mundo é bambo. Lá, comemos frito de toicinho de porco com café preto em dia de chuva rala ao pé do fogareiro. Tragam brasão, à lapela, ou sejam em couro de gibão vestidos. Não importa! A hospedagem é a mesma.
Antônio Ribeiro de Sampaio Neto, nascido no bairro Cidade Nova, em Teresina(PI), no dia 29 de junho de 1963. Filho de Singleustre Ribeiro de Sampaio e de Marlene Lemos de Sampaio. Ex-funcionário do Banco do Brasil onde ficou por 15(quinze) anos. Cursou Letras Português com Literatura Brasileira e Introdução à Literatura Portuguesa, na Ufpi (Universidade Federal do Piauí). Pai de Ananda Sampaio (Escritora), Raíssa Sampaio, João Victor Sampaio e Bento Sampaio. Atualmente, reside na cidade, ribeirinha, de União(PI). Tem por hobby música(fã incondicional de Belchior – in memorian), livros e cachaça, ao pé do balcão. Adora passar o tempo jogando conversa fora(cotidianas, bobas e triviais à companhia de mentirosos – pescadores e caçadores).