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sexta-feira, setembro 20, 2024
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Eleições 2022; O declínio das lideranças políticas. “Se liderança fosse sinônimo de vitória em eleição, o Klebão estava eleito”

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Há muito não se via uma disputa eleitoral tão acirrada, grupos divididos e discursões acaloradas diariamente. E como era de se esperar o principal palco dessas discursões são as redes sociais e grupos de WhatsApp. Mas, os debates políticos não se limitam a esses canais. Os ajustes, adesões, acordos e as pré-campanhas já estão a todo vapor.

Dois lados disputam diretamente o Governo do Piauí. De um lado, Rafael Fonteles (PT) conta com o apoio do atual governo estadual. Do outro, Silvio Mendes (União Brasil) se apresenta como a oposição mais forte para disputar o cargo mais valioso do Estado. A campanha de Rafael Fonteles segue firme, bem estruturada, com ideias e planejamento bem definidos, mas como anda a campanha de Silvio Mendes?

Pré-candidatos ao Governo do Piauí, Silvio Mendes e Rafael Fonteles (Foto: Reprodução/redes sociais)

Nos últimos dias alguns áudios de um grupo seleto de líderes comunitários de algumas regiões de Teresina vazaram, o conteúdo das conversas despertou a atenção. Resolvemos ir mais a fundo, entramos em contato com vários outros líderes e podemos observar que a principal queixa é a de que Silvio Mendes não está procurando os líderes deixados pelo ex-prefeito de Teresina, Firmino filho, que utilizou desse modelo político para suas campanhas. “Falta articulação. Lideranças que fazem a campanha de Silvio Mendes estão afastadas e nem conhecem as lideranças das regiões de Teresina […] estão passando a borracha por cima e o governador Wellington Dias está procurando liderança de uma a uma do ex-prefeito Firmino Filho e o Silvio Mendes dormindo”, expõe João*, um dos membros do grupo.

Ex-prefeito de Teresina, Firmino Filho (In memorian) e Silvio Mendes. (Foto: Lucas Dias/GP1)

Para Luana*, os coordenadores da campanha política de Mendes colocam a desculpa em não ter a estrutura que o governo tem para dialogar com esses líderes. Ainda de acordo com ela, são nesses lugares que precisam ir para conquistar a confiança desse público. “É como Lula disse: ‘Quando você não tem dinheiro, estrutura, aí você tem que fazer mais visitas’”, conclui.

João* ressalta ainda que liderar e comandar são coisas diferentes e elogia que Firmino Filho sabia fazer as duas coisas. “Firmino Filho sabia liderar e comandar. Ele sabia quem eram as lideranças de Teresina, onde moravam, qual bairro, sabia de tudo. Procura o candidato Silvio Mendes se ele sabe?! [..] Cadê as lideranças de Firmino? O PT está indo atrás”, pontua. Luana* acrescenta ainda que “o dever de casa tem que começar dentro de casa (Teresina)”.

Em outro grupo no qual os membros pediram para preservar suas identidades, Bernardo* pensa que o eleitor consegue ter uma maior proximidade com o candidato sem precisar de lideranças mostrando qual caminho seguir. “Eu acredito que nós vivemos no momento de mudança onde o eleitor está mais próximo do candidato e essa figura da liderança está em processo de declínio”, afirma. “Nós temos lideranças viciadas em dinheiro e muito mal acostumada? Nós temos. Se liderança fosse sinônimo de vitória em eleição, o Klebão estava eleito, o Ítalo Barros estava eleito”, conclui Bernardo*.

Cristiano*, outro membro do grupo comenta que os líderes da zona sudeste da capital se acostumaram com o modelo de só trabalhar a base do dinheiro. Ele conclui que “é uma indústria de lideranças em Teresina e a zona sudeste é o polo”.

Esse modelo político de apostar alto nas lideranças de bairros dos pequenos municípios parece estar chegando em seu declínio, e para Bernardo* a vontade do povo é o que define quem vai chegar no governo. “apesar do Firmino ter contribuído pra esse modelo de política que temos hoje aqui na capital, baseado em liderança, ele acabou criando um monstro que engoliu sua própria campanha nessa última para prefeito. Essas lideranças foram superestimuladas com dinheiro e agora você está com um monstro para alimentar e não tem como […] agora o Rafael vai entregar dinheiro para essas lideranças e não vai afetar o resultado de nada, porque o que chega na ponta do lápis é a vontade do povo. É o que conta.”, pontua.

Podemos estar assistindo o ano derradeiro desse modelo de fazer política, porque de fato, se as ditas lideranças receberem e não entregarem os votos prometidos, influenciadores digitais podem assumir de vez o protagonismo. Ao fim dessa eleição, grandes nomes podem surgir como novos líderes, e antigas lideranças podem ser desmareadas de uma vez por todas.

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